quarta-feira, 1 de maio de 2013

Algumas coisas estavam finalmente mudando, o novo estava pronto para toca-la, precisava apenas deixa-lo entrar, mas por que faria isso? Para que iria se desfazer da sua barreira de proteção? De que tudo aquilo adiantaria? Será que estava pronta para sentir tudo de novo? Ela simplesmente não sabia, essas duvidas rondavam a sua cabeça enquanto caminhava pelo parque, mas estava determinada a encontrar uma reposta, não podia simplesmente fugir.
Só que quanto mais pensava mais medo sentia, lembrou-se dos velhos capítulos e tinha receio de que todas aquelas velhas paginas se repetissem, tinha medo de no final tornar-se frágil outra vez, não queria mais ser como era, mas como saberia que tinha mudado se nunca mais se deixasse ser tocada?
Foi então que resolveu sentar em um dos banquinhos que tinham envolta do parque, sentada ali notou que a noite estava muito iluminada e percebeu que a luz não vinha apenas nos postes, resolveu então olhar para o  céu e lá estava a lua cheia com todo aquele seu brilho intenso, ficou fascinada pela lua, como sempre ficava, mas naquela noite entendeu o que aquela lua sempre tentará lhe dizer, ela lhe mostrava um novo início, era um recomeço. Talvez tudo pudesse se repetir, ou talvez não, o novo livro poderia ser diferente ou igual, mas se não começar a escreve-lo ela jamais saberá como será o enredo. Tinha conseguido todas as suas respostas, sentiu que aquele era o momento de voltar a escrever, percebeu também que não ia mais continuar fugindo das noites de lua cheia, elas a tonaram-na mais forte, aquelas noites foram essenciais, não tinha motivo para continuar fugindo.
E se no final tudo der errado, ela pelo menos teve coragem de se arriscar outra vez, viver eternamente dentro de seu casulo não é viver, para sair voando e conquistar seus sonhos é necessário se desfazer do casulo.

domingo, 28 de abril de 2013


Sempre quisera mudar de cidade, isso sempre esteve presente em seus planos, só que quando viu o quarto vazio, todas as roupas em malas, as suas coisas guardadas, não fazia sentido, era como se uma parte dela estivesse se perdendo.
 As lagrimas foram inevitáveis quando as lembranças tomaram vida e desenharam todos os momentos nas paredes de seu quarto, porem sempre soube que precisaria deixa-las e então uma nova folha tinha sido entregue ao destino, o velho livro se fechou assim que atravessou a ponte, tudo começara de novo,  mas sabia jamais se esquecera da historia escrita pelas estrelas.
E todos as noites quando  o céu pintado por uma cortina de nuvens rosas, fecha os olhos e se lembra de todas as estrelas, aquelas que sabiam de onde vinham cada lágrima derramada, só que agora elas pertencem apenas a um velho livro.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Outra vez estava tentando fugir, queriam  ir para o lugar onde as pessoas normalmente viviam, queira sentir como se fosse um deles, queria talvez por alguns instantes não querer ter o controle de tudo. Queria pelo menos que naquela tarde ela se desfizesse da ideia de sempre  comparar sua vida com algum capitulo de algum livro.
Desejou ser capaz de escrever a sua própria história, mas aos poucos foi percebendo que a unica capacidade que tinha era de inventar estórias, era de criar o que não existe, sabia apenas colocar finais felizes para pessoas que existiam apenas em sua imaginação, mas nesse instante uma duvida surgiu, se ela não é a autora de sua própria história quem seria? Quem é que decide quando começa e termina um capítulo? Quem decide quando algo vai acontecer? E naquele momento percebeu que ela não tinha uma autora, talvez fosse mais uma daquelas histórias inacabadas que foi guardada no fundo de alguma gaveta.

quarta-feira, 6 de março de 2013


Pela pequena fresta da janela pode ver o céu repleto de estrelas e aos poucos foi crescendo uma vontade de abrir a janela e contemplar toda aquela imensidão que havia do outro lado da janela, porém sabia que aquela era uma noite de lua cheia, por mais que se esforçasse sabia que a lua lhe traria capítulos antigos e então tentou desfazer-se daquela vontade, porém aos poucos os livros foram perdendo a graça, as palavras não tinha mais sentido e os exercícios pareciam incompletos, logo entendeu que seria impossível persistir naquilo e então abriu vagarosamente a janela.
 Aos poucos aquelas lembranças foram colorindo o céu. Ela podia ver aquele momento se repetindo, o céu estava estrelado novamente, aquela lua cheia tinha um brilho especial e aquela voz ecoava em sua mente, dizendo que toda vez que ela olhasse para um céu parecido com aquele era para lembrar-se daquela noite, as lagrimas aos poucos foram cobrindo o seu rosto e aquela imagem desfez-se e logo se lembrou de outra noite de lua cheia em que todo aquele capitulo foi se desfazendo.  Tentou se livrar de todos aqueles pensamentos, queria simplesmente olhar a lua e fugir daquelas paginas antigas, só que toda noite de lua cheia ela voltava para aquele capitulo. 

terça-feira, 5 de março de 2013


Ao encontrar homens, mulheres e crianças espalhados por todos os cantos da cidade não lhes causa mais impacto, a única reação que causa é a repulsa. As pessoas se tornaram apenas objetos que enfeitam as ruas, lágrimas que representam o sofrimento não são mais notadas, toda madrugada alguma criança olha para o céu e deseja que um dia tudo aquilo tenha fim, porém nada é feito. Fechamos os olhos para a realidade e criamos barreiras que nos proíbem de olhar o sofrimento alheio.
Tentava se livrar das lembranças, mas elas perseguiam-na  como se fossem velhos fantasmas que se recriavam a cada instante. Cansada de resistir sentou-se na grama e se  permitiu esquecer de tudo, e logo as antigas histórias começaram a percorrer todo o seu corpo, envolveram-na de tal maneira que não conseguia se libertar mais. Resolveu então reviver aqueles dias que jamais voltariam.
Era como se nada tivesse mudado, naquele instante era como se ela fosse de novo aquela garotinha curiosa e ele fosse sua fonte de informações. Sentada no sofá observava-o com aqueles olhos curiosos enquanto ele lia algumas palavras novas no dicionário, achava graça daquelas descobertas. E foi com aquela brincadeira boba que ele lhe ensinou a paixão pelos livros, aos poucos adentrava em um mundo em que jamais queria sair e ele era parte fundamental de tudo aquilo.

Quando o medo tentava atingi-la ela corria para o seu colo, sabia que nada de mal lhe acontecia ali. Quando ralava o joelho achava que só ele poderia fazer a dor diminuir, acreditava que ele era capaz de fazer tudo, só que aos poucos foi se acostumando a morar longe, mas ainda sim ele era o conforto.

Sentiu as lagrimas trilhando um caminho pelo seu rosto e então balançou a cabeça na tentativa de se desfazer de todas aquelas memórias, abriu os olhos e tudo que queria naquele momento era ter como tinha antes, porém percebeu que talvez fosse difícil.

O novo caminho surgiu e os primeiros passos eram incertos. O medo a cercava a todo instante, e a cada passo seu consciente pedia para que ela voltasse só que o vento dizia que era necessário seguir. E aos poucos o sentido das palavras foram levados ao encontro da imensidão dos céus, entregues ao esquecimento momentâneo e assim toda a magia se desfez.